Descobertas por Sari Fontana

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Nanéa: o adoçante que parece fibra, mas é igual açúcar

Nanéa: o adoçante que parece fibra, mas é igual açúcar

Isabela Akkari, a grife de doces "saudáveis" que cobra caro por produtos "sem açúcar" adoçados com um carboidrato de alto impacto glicêmico: IMO, erroneamente chamado de fibra de tapioca

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Sarita Fontana
abr 24, 2025
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Nanéa: o adoçante que parece fibra, mas é igual açúcar
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Nota: apesar de o nome da confeitaria ser o de uma pessoa, esta não é uma crítica pessoal, pois imagino que eles sejam vítimas da indústria desse ingrediente. Esta é uma tentativa de evitar que você seja uma vítima também e (quem sabe!) influenciar o mercado para conter o avanço do uso das falsas fibras em produtos alegadamente sem açúcar.

Era uma vez uma confeitaria sem açúcar que resolveu adoçar seus produtos com um carboidrato rapidamente digerido e transformado em… Açúcares!

Recentemente, denunciei aqui a farsa dos doces gourmet, citando como exemplo as marcas Moon Sugar e Haoma. Ambas alavancam suas vendas promovendo a aversão aos polióis enquanto anunciam seus produtos seus produtos com uma mistura de isomalto-oligossacarídeo (IMO) e adoçantes como alternativas mais seguras, por não causarem desconfortos digestivos.

Haoma e Moon Sugar: a farsa dos doces gourmet

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Sarita Fontana
·
Mar 20
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Mas a febre dos adoçantes à base de IMO também chegou à sofisticada confeitaria Isabela Akkari, com seu adoçante Nanéa. Vendido como “um novo conceito de adoçar”, com a suposta vantagem de não conter polióis e promessas de efeitos pré-bióticos, o produto consiste na mistura de IMO com estévia — algo que, como veremos, de inovador não tem nada.

Anúncio no catálogo da marca

O Dr Souto, autor do best-seller Uma Dieta Além da Moda, estudou profundamente o IMO e publicou um verdadeiro dossiê demonstrando por que essa substância é, de fato, um carboidrato, não uma fibra. Sua revisão detalhada da literatura científica contempla estudos que comparam diversos tipos de IMO e seus efeitos (spoiler: todos se comportam como carboidratos, até os fermentados). Sua investigação explica a origem do mito que desencadeou essa confusão no mercado de alimentos e ainda contém os resultados dos seus próprios testes comparando esses adoçantes com o açúcar — se você quer se aprofundar, não deixe de ler!

Em resumo, você precisa saber que IMO, embora seja conhecido como fibra em alguns países, trata-se de um carboidrato capaz de elevar rapidamente a glicemia, com impacto igual ou ainda maior que o do açúcar. Esse ingrediente isolado não tem o poder de adoçar muito (equivale à metade do poder adoçante do açúcar), mas é usado em combinação com outros adoçantes de alta intensidade, e atua como um agente que dá volume às receitas.

Não é a toa que a Anvisa determina que ele seja contabilizado como carboidrato na tabela nutricional, algo que alguns fabricantes parecem ignorar. Além disso, esse ingrediente não poderia compor alimentos “sem adição de açúcares” — ou seja, nenhuma vantagem, nem para o consumidor, nem para o fabricante.

Confira o esclarecimento da Anvisa sobre o uso de IMO em alimentos “sem adição de açúcares”:

“…A especificação do produto e os documentos que respaldaram a autorização do Isomalto-oligossacarídeos em alimentos demonstram que este possui em sua composição mono e dissacarídeos (açúcares) obtidos da hidrólise do amido de milho. Portanto, conforme definição de açúcares adicionados constante da legislação e em linha com as orientações sobre o tema fornecidas pela GGALI, as frações de mono e dissacarídeos desse ingrediente devem ser contabilizadas como açúcares adicionados e este ingrediente não pode ser utilizado em alimento com a alegação "sem adição de açúcares".

O que acontece quando uma empresa é boa de marketing, mas falha no rigor técnico?

Nesta edição você vai entender por que não vale a pena trocar o açúcar por esse adoçante e descobrir as falsas alegações publicitárias que podem colocar em risco a sua saúde. E mais: terá acesso à absurda resposta do fabricante quando questionado sobre a segurança do uso do seu adoçante por pessoas com diabetes.

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Dica de podcasts gratuitos: Doce Ilusão e A Farsa dos Doces Gourmet.

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