Meus erros e acertos
Um resumo da minha jornada em busca de saúde e emagrecimento - e sua versão em áudio. Mas antes, vamos falar da enchente no RS.
Já estava com esta edição pronta quando o meu estado foi assolado pela maior enchente da história. Escrevo este parágrafo ao som dos helicópteros de resgate sobrevoando a cidade à procura de vítimas que aguardam socorro sobre seus telhados. Compondo a trilha sonora, também temos sirenes de caminhões de bombeiros transportando barcos e jet skis. Hoje, a rua movimentada em que moro amanheceu vazia, exceto pelo caminhão pipa que abastece o prédio vizinho. Quase todo o comércio e restaurantes estão fechados por falta de recursos, especialmente funcionários que perderam bens ou as próprias vidas nessa tragédia sem precedentes.
A falta de água já afeta mais de 80% da capital. Enquanto as prateleiras dos supermercados começam a esvaziar, ouvimos relatos de um motoboy que foi assaltado porque estava transportando o bem mais valioso do momento: água. Com muitos bairros às escuras, os semáforos desligados tornaram-se pontos críticos de acidentes nas esquinas. Enquanto isso, grandes hospitais estão sendo evacuados por caminhões do exército, os únicos capazes de acessar as áreas afetadas. A rodoviária foi uma das primeiras a fechar as portas, seguida pelo aeroporto internacional, ambos submersos e com seus terminais de passageiros transformados em rios de cor marrom.
Embora estejamos num local bem próximo às áreas alagadas, estamos seguros e, com sorte, deve apenas faltar água. Muitas pessoas de outras localidades têm me dito que só perceberam a magnitude do desastre após ouvirem nosso episódio de podcast desta semana. É com o intuito de conscientizar o público que aproveitamos nossa audiência.
Não é mais uma enchente. Não aconteceu, está acontecendo.
Confira o resumo e como você pode ajudar
Torcendo para que as próximas notícias sejam melhores.
Com vocês, a edição que já estava programada
Quando criança, eu imaginava que seria uma vovozinha quando completasse 40 anos. Aos 20, achava que era imortal, abusava do meu metabolismo comendo tudo o que era gostoso e torrava no sol sem protetor solar. Trabalho era meu sobrenome e 40 anos era a idade dos meus gestores. Aos 30, com várias dietas no currículo e alguns melasmas, comecei a perceber que muitas mulheres de 40 eram mais saudáveis do que eu. Foi quando me vi pensando onde e como queria estar dez anos adiante, e percebi que estava no caminho errado.
Em um domingo ensolarado de maio de 2013, decidi que não queria mais viver no efeito sanfona nem arriscar minha pele para ganhar um bronzeado. Estava com quase 30 anos e exausta! Cansada de me decepcionar comigo mesma numa sucessão de fracassos evidenciados nas calças que já não serviam e na jaqueta jeans que ficou apertada. Naquele dia, me comprometi a mudar radicalmente meu estilo de vida, admitindo que não poderia insistir na busca de atalhos.
No almoço, troquei o hambúrguer pela salada. Eu ainda não sabia que não precisava viver de alface pra ser saudável.
Foram muitos os erros antes de acertar
Teve a dieta da sopa, a dieta da USP, aquelas das revistas que revelavam o que as atrizes famosas comiam, quem lembra? (Será que isso ainda existe? Espero que não.) Teve remédios malucos pra emagrecer, efeito sanfona e mais remédios. Dieta Dukan. Jejum como compensação. Fome e episódios compulsivos. Entre as lembranças um tanto embaçadas, de concreto ficaram as calças de diversos tamanhos que por anos guardei no armário como referência. Resquícios de um tempo em que, num piscar de olhos, nada mais me servia.
Aceitação x conformismo
Conheço os movimentos de aceitação, que são de extrema importância no combate ao preconceito quanto aos corpos considerados "fora do padrão". Mas esse discurso, quando levado ao extremo, beira à promoção da obesidade. Assim como a cultura da magreza é prejudicial, negligenciar a obesidade como um fator de risco para diversas doenças crônicas também preocupa. Ao contar minha história, destaco o aspecto psicológico do efeito sanfona e suas implicações na saúde, especialmente a mental, que, por sua vez, se reflete na física. Eu poderia ter simplesmente aceitado que aquele ciclo seria constante na minha vida, assumindo o descontrole como inevitável. Mas não me conformei, pois sabia que descontar minhas emoções na comida era um padrão audodestrutivo.
Felizmente, nada disso voltou a ocorrer desde que acertei o caminho. Aos 40 atingi minha melhor forma física da vida, com uma composição corporal que jamais tive e uma pele (quase) sem manchas. Desenvolvi estratégias que hoje me permitem levar essa rotina a qualquer lugar. A saúde mental também agradece. Quando olho pra trás, sinto uma certa vergonha das decisões erradas que tomei, mas também orgulho de ter conseguido aplicar tantos aprendizados.
Falando em aprendizados
Muito obrigada a todos que participaram do primeiro happy hour das Descobertas. Foi muito especial ver seus rostos pela câmera e interagir mais “de perto”, ainda que online. Por mais encontros como este!
A história dos “meus erros e acertos na tentativa de ser saudável” eu contei na conversa em vídeo com os assinantes premium, e agora disponibilizo em áudio para quem perdeu. Se algumas dessas histórias forem ser úteis a alguém, a missão será cumprida.