Descobertas do Mês Kids - Outubro 23
Danoninho, Nutella, Kapo, Toddynho, Sucrilhos, Club Social, Bisnaguinha... Quais alimentos podem substituir esses queridinhos das crianças? E um bônus com mais 10 dicas valiosas.
Esta poderia ser apenas mais uma publicação enfatizando a importância da comida de verdade, mas esse já é um conceito amplamente reconhecido. Evitar alimentos ultraprocessados, especialmente para as crianças, e cozinhar mais em casa já fazem parte do senso comum, especialmente entre aqueles preocupados com saúde e nutrição. No entanto, negar a existência dos industrializados não parece um conselho razoável nos dias atuais. Com frequência, pais e mães se veem confrontados com produtos anunciados para crianças em corredores coloridos e cheios de personagens infantis. Desviar a atenção dos pequenos dessa atração irresistível não é tarefa fácil.
“Não quero fazer meu filho passar vergonha levando pudim de chia para a escola, enquanto os outros comem Danoninho. Ele também não aceita beber água, pois os colegas tomam suco de caixinha. É uma luta diária!”
Estamos em 2023, e crianças correm o risco de sofrer bullying ao levarem alimentos saudáveis para a escola. De fato, nessa faixa etária eles podem ser bastante críticos e especialmente sensíveis quando rejeitados pelo grupo, e é natural que os pais, avós e cuidadores desejem evitar situações de exclusão. Por outro lado, é lamentável que nos dias de hoje seja considerado normal levar bebidas açucaradas de caixinha para a escola, ao passo que beber água pareça estranho.
Desafios
Ao realizar a pesquisa para esta edição especial kids, descobri que o universo dos industrializados para crianças é um terreno minado. Até mesmo os produtos que parecem ser saudáveis e estão claramente posicionados para esse público nem sempre são melhores que os convencionais, apesar da aparência inofensiva. Na verdade, alguns são até piores. Ouso dizer que parece haver uma associação negativa entre o uso de personagens infantis nos rótulos e a qualidade das informações nutricionais dos alimentos kids.
Quando pensamos em comidas saudáveis para crianças, enfrentamos inúmeros obstáculos: primeiramente, esses alimentos precisam ser agradáveis ao paladar, ou serão rejeitados. Além dos atributos sensoriais, que incluem sabor, aparência, odor, aroma e textura, ainda existe o desafio de encontrarmos alimentos com a menor quantidade possível de aditivos (conservantes, corantes e até mesmo adoçantes).
Uma revisão de literatura realizada em 2021 pela Revista de Saúde Pública discutiu o contexto das publicações científicas sobre consumo de aditivos alimentares por crianças e as possíveis consequências à saúde nessa faixa etária. Os autores concluíram que a exposição a aditivos alimentares pode estar associada a efeitos adversos à saúde, como hiperatividade, alergias, asma e obesidade. No entanto, eles também afirmaram que são necessários mais estudos para confirmar essas associações.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que não se ofereça açúcar ou adoçante antes do segundo ano de vida. Após os 2 anos, o consumo de açúcar não deve ultrapassar 10% da ingestão calórica diária.
Quando se trata do consumo de aditivos, como não há estudos suficientes realizados com crianças, recomenda-se evitá-los, pelo princípio da precaução. Paradoxalmente, observamos que o consumo de açúcar acaba sendo facilmente extrapolado mesmo entre os mais jovens.
Esta edição especial é o resultado de meses de pesquisa. Inicialmente, realizamos um levantamento para identificar quais alimentos são mais consumidos e adorados pelas crianças. Em seguida, conversamos com pais e cuidadores dedicados na busca por alternativas saudáveis. Posteriormente, conduzimos uma extensa pesquisa online examinando ingredientes, rótulos e palavras-chave relacionadas. Durante esse processo, descobrimos que, infelizmente, para alguns desses alimentos, não encontramos boas alternativas no mercado. De fato, encontrar alternativas razoáveis foi muito desafiador! No entanto, em alguns casos fomos surpreendidos positivamente com ingredientes de qualidade e perfis nutricionais satisfatórios.
Alinhando expectativas
Nesta edição, não temos como objetivo
Trazer sugestões óbvias como: “em vez de comprar um bolo pronto, faça seu próprio bolo saudável”, pois isso seria pouco útil para quem não tem tempo ou disposição para preparar tudo em casa.
O objetivo desta edição não é incentivar o consumo de alimentos ultraprocessados pelas crianças, reconhecendo que alimentos in natura ou minimamente processados tendem a ser melhores e mais nutritivos.
Contemplar todas as possibilidades, pois não haveria espaço.
Os objetivos
Ajudar pais e cuidadores a encontrarem melhores alimentos industrializados, mantendo a conveniência.
Indicar trocas e substituições de alimentos para crianças que sejam plausíveis e sirvam para a mesma ocasião de consumo (não falaremos para trocar o Sucrilhos por melancia).
Mostrar as diferenças entre alimentos de marcas infantis populares e outros com maior densidade nutricional, avaliando e explicando os rótulos.
Trazer dicas extra de alimentos que podem ser incluídos como opções para as crianças, desde que em consenso com o pediatra.
Ao reconhecer que os alimentos industrializados são uma realidade na vida moderna, esta publicação visa a expandir as opções disponíveis para pais, avós e cuidadores que buscam conveniência sem comprometer a saúde das crianças.
Esta é uma edição especial das Descobertas, exclusiva para os assinantes premium.
A seguir, 9 trocas inteligentes e mais 10 produtos bônus.